quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Reveillon em Copacabana

A festa é bonita, não há dúvida, mas as condições são de risco.
Sob a ótica da gestão de risco, mais especificamente da gestão de multidões (crowd management), a festa de Copacabana tem pontos falhos que merecem ser corrigidos e que servem de exemplo para qualquer evento público de grande porte.
Para sermos objetivos vamos nos concentrar num ponto específico: o acesso e a evacuação do público.
Em Copacabana o um grande ponto falho está na obstrução das vias de acesso. Carros são estacionados em locais proibidos, dificultando o trânsito de outros veículos e dos pedestres, e uma série de obstáculos, mesas, cadeiras, quiosques, jardineiras, são colocados nas calçadas obstruindo a passagem. Acrescente-se o atrito entre pedestres e veículos que ocorre nos cruzamentos das ruas transversais com a Nossa Senhora de Copacabana, em especial no fim da queima de fogos. Estes cruzamentos ficam sobrecarregados e tem que ser administrados com rigor. O controle destes cruzamentos é fundamental para que o trânsito de pedestres e veículos flua com maior velocidade. Sem este controle, e com os carros estacionados obstruindo a passagem, estes cruzamentos viram pontos de estrangulamento e tem reflexos em engarrafamentos que atingem não apenas o bairro de Copacabana, mas também os bairros de Ipanema, Leme, Botafogo e Urca.
Para agravar caos temos festa realizada no Posto 9, em Ipanema, que está dentro do campo de impacto dos transtornos causados pela festa de Copacabana. A festa de Ipanema dificulta ainda mais o acesso a Copacabana, assim como prejudica a evacuação. Esta festa deveria ser transferida pelo menos para o Posto 10 e no seu entorno deve ser também implantado rigoroso esquema de controle de tráfego de forma a minimizar o impacto desta sobre o trânsito.
A facilidade de acesso e evacuação é uma questão da maior importância quando se trata de administrar uma multidão. Todo e qualquer evento tem que ter suas rotas de acesso dimensionadas de uma forma tal que os gargalos sejam minimizados e os pontos de atrito sejam eliminados. Caso isto não ocorra pontos de risco estarão sendo criados.
Em Copacabana as vias de acesso não podem ser ampliadas especificamente para este evento, mas elas podem ser desimpedidas através de efetivas ações preventivas que retirem todos os obstáculos e administre a ocupação das ruas e calçadas, ações de monitoração que acompanhem o fluxo de pessoas e ações reativas que removam obstáculos, incluindo veículos e controlem os usuários.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

ALARP

O termo ALARP é pouco conhecido no Brasil, mas o seu conhecimento é de extrema utilidade quando o assunto é gestão de risco.
ALARP é a combinação das inicias de As Low As Reasonably Practicable (tão baixo quanto possível) e ele deve ser entendido como uma diretriz na adoção de controles de redução de risco.
Um risco elevado não pode de nenhuma forma ser admitido por uma organização. Já um risco médio pode ser aceito caso não haja condições práticas de reduzi-lo. Ou seja, um risco deve ser reduzido até que se esgotem as condições razoáveis disponíveis de forma que o ganho a ser obtido com sua redução adicional não justifique o investimento no controle em questão.
Não existe um patamar de risco que deva ser considerado a priori como sendo aceitável. Um risco deve ser reduzido sempre que tal redução seja factível e razoável, mesmo que este risco já seja baixo. Riscos medianos cuja redução não seja factível devem ser considerados como sendo inerentes ao negócio em questão e devem ser permanentemente monitorados de forma a que os mesmos não venham a aumentar. Isto é ALARP.
Mas nunca é demais lembrar que com o tempo os riscos mudam de patamar, por alteração no meio-ambiente interno ou externo, e por isto sua avaliação deve ser periódica e freqüente.