terça-feira, 21 de julho de 2015

Miopia na Segurança Empresarial

Theodore Levitt em seu conhecido texto de 1960, publicado na Harvard Business Review, denominado "Miopia em Marketing" pergunta: qual é o seu negócio?
Essa pergunta simples deve ser todo dia feita pelos gestores perante um espelho.
Os gestores de segurança estão entre os profissionais que devem fazer essa pergunta. Tenho visto e lido muitas queixas de gestores da área de segurança sobre a pouca importância que a alta administração lhes confere.
 Mas se os clientes não lhe dão atenção, o erro será dos clientes ou do seu marketing? Culpar os clientes pode ser mais fácil, mas isto não irá trazê-los de volta.
Segundo Domenico De Masi, na sociedade pós-industrial os principais recursos organizacionais são "inteligência, conhecimento, criatividade, informações, laboratórios científicos e culturais".  De Masi ainda observa que dentre os principais desafios que passamos a ter destacam-se a qualidade de vida, saúde psíquica e preocupações com o meio ambiente.
Cabe às áreas de segurança ajustar o foco de seus serviços no admirável novo mundo da sociedade pós-industrial. Garantir a segurança neste ambiente onde a informação é um dos principais ativos de empresa exige uma abordagem diferente da abordagem de garantia de ativos tangíveis. A segurança física e patrimonial continua sendo necessária, mas ela não é suficiente para garantir o objetivo da segurança empresarial.
Novos saberes são necessários e os profissionais da segurança passam a ter que dominar novas áreas. A segurança depende de uma estrutura confiável e de procedimentos eficientes acrescidos de mecanismos de prevenção e reação (vide A Continuidade de Cada Dia, Fernando Saldanha). As estruturas e funções organizacionais da era industrial que atendiam plenamente suas demandas não são adequadas neste novo ambiente passando a ser obsoletas.
A segurança da informação é uma das funções que as áreas de tecnologia tem incorporado. Mas este assunto extrapola a competência da área de TI e cada vez mais é entendida como sendo uma demanda estratégica (Allen, Julia. Security is Not Just a Technical Issue). A área de tecnologia da informação deve oferecer uma infraestrutura robusta e segura. Mas as informações e saberes de uma corporação não transitam exclusivamente pelo ambiente de TI e seus proprietários são de outras áreas da organização.
E, em qualquer caso ou situação, a informação e sua segurança dependem do indivíduo que tem acesso a ela. E neste caso a segurança passa pela segurança do funcionário, ou usuário, da informação. Como vimos a qualidade de vida é um dos desafios da nossa sociedade e esta preocupação deve estar inserida no ambiente empresarial. O bem estar e a qualidade de vida, incluindo a qualidade do meio ambiente, também devem ser garantidos, e esta também deve ser em parte responsabilidade da segurança empresarial.
Cabe questionar se o melhor modelo é a segregação em diferentes segmentos, tais como a tradicional área de segurança física, a área responsável pela segurança da informação, a área pela preservação integridade física e do ambiente de trabalho (segurança do trabalho). Integrar estas áreas, seja pela estrutura de processos ou pela organizacional,  é um desafio que deve ser enfrentado pois a efetiva continuidade de um negócio depende do sucesso desta combinação.
A segurança pós-industrial é uma necessidade das empresas do século XXI.
Estruturas e organizações do século passado são ultrapassadas e ficaram obsoletas. Insistir nestes modelos evidencia que o gerente tem vista curta e o diagnóstico é miopia.

Referência Bibliográfias:
Allen, Julia. Security is Not Just a Technical Issue, 2013, Carnegie Mellon University em https://buildsecurityin.us-cert.gov/articles/best-practices/governance-and-management/security-is-not-just-a-technical-issue, acessado em 16 de julho de 2015.
De Masi, Domenico, A Sociedade Pós-Industrial. São Paulo : Ed Senac, 1999.
Levitt, Theodore. Miopia in Marketing. Havard Business Review, July - August 2004. https://hbr.org/2004/07/marketing-myopia, consultodo em 20 de julho de 2015.

Saldanha, Fernando. A Continuidade de Cada Dia. Rio de Janeiro: Ed. Select,  2007.

Os Incomodados que se Retirem

Domingo de sol no Rio de Janeiro é sinônimo de festa. Mas também é sinônimo de folga ou férias cívicas. Pelo menos para alguns, numerosos, cidadãos.
Nas ciclovias da cidade várias tribos se encontram. Desde a tribo dos que estão dando uma caminhada até a tribo dos que estão pedalando numa competição radical onde a todo o momento ou o ciclista ou o pedestre é colocado em risco pela velocidade e ferocidade do atleta montado em sua "bike".
Mas o pedestre não faz por menos, encontra um ou vários amigos e todos confraternizam em plena pista. Não importa que haja um grande espaço lateral ou que a pista venha a ser bloqueada. É dia de festa e comemorar com os amigos é o que importa. Os demais são meros incomodados e os incomodados que se retirem.
Me retirei e fui para o Parque Laje. Antes de chegar ao meu destino encontro um grande engarrafamento na Rua Jardim Botânico pois inúmeros cidadãos querem ir ao parque em seus veículos e acham razoável ficar parado em plena rua Jardim Botânico, bloqueando uma pista para esperar que um estacionamento, que não é de alta rotatividade, tenha uma vaga para seu possante. Ir ao parque de transporte público não parece ser uma alternativa para estes motoristas. Estacionar o carro um pouco mais distantes também não parece ser interessante. Mas bloquear uma pista e esperar vários minutos é interessante. Gosto não se discute, mas civilidade sim.
O uso de bicicleta pode ser uma boa alternativa de transporte e laser e uma boa forma de espantar o mau humor. Mas o feliz proprietário de um pequeno carro branco parece não querer contribuir. Ele achou uma vaga para ser belo carro junto ao bicicletário, exatamente no espaço destinado às bicicletas cor de abobora que tanto enfeitam a cidade. Tinha espaço para várias bicicletas, mas também dava para um carro pequeno e ele se considerou um felizardo. Os incomodados que se retirem...
Pensativo volto para casa usando o metrô. Na escada rolante de acesso à plataforma de embarque da estação um casal se abraça e bloqueia totalmente a passagem. Eles não tem pressa e estão apaixonados. Se outra pessoa tem outro ritmo, que se retire... Manter a direita e liberar a passagem pela esquerda é uma prática desconhecida no Rio de Janeiro. Esta prática deveria ser uma regra observada em locais com grande fluxo de pessoas, mas por aqui este hábito não chegou.

Temos muito que aprender e evoluir no uso do espaço público. Quanto mais pessoas no mesmo espaço mais importante é a educação dos usuários. A gestão de multidão, processo pouco adotado por aqui, pressupõe que os gestores e usuários tenham interesse na preservação do conforto e segurança de todos, mas por enquanto poucos perceberam que isto depende da atitude de cada um. Precisamos dar um passo a frente na nossa educação cívica e boas práticas no uso do espaço público e procurar cada um garantir o seu conforto e segurança de todos. 

terça-feira, 7 de julho de 2015

Fogo e explosão em parque aquático em Taiwan

Mais um caso de descuido para com o público de um grande evento.
Explosão seguida de incêndio deixa mais de 500 feridos em uma festa num parque aquático de Taiwan.
A suspeita é que um pó colorido lançado na multidão tenha causado o acidente.
Segundo autoridades, 188 pessoas estão internadas em estado grave.

Detalhes em => http://newsok.com/nearly-500-injured-as-fire-hits-taiwan-water-park-party/article/feed/857031