Domingo de sol no Rio de Janeiro é sinônimo de festa. Mas também
é sinônimo de folga ou férias cívicas. Pelo menos para alguns, numerosos,
cidadãos.
Nas ciclovias da cidade várias tribos se encontram. Desde a
tribo dos que estão dando uma caminhada até a tribo dos que estão pedalando
numa competição radical onde a todo o momento ou o ciclista ou o pedestre é
colocado em risco pela velocidade e ferocidade do atleta montado em sua "bike".
Mas o pedestre não faz por menos, encontra um ou vários
amigos e todos confraternizam em plena pista. Não importa que haja um grande
espaço lateral ou que a pista venha a ser bloqueada. É dia de festa e comemorar
com os amigos é o que importa. Os demais são meros incomodados e os incomodados
que se retirem.
Me retirei e fui para o Parque Laje. Antes de chegar ao meu destino encontro um grande
engarrafamento na Rua Jardim Botânico pois inúmeros cidadãos querem ir ao
parque em seus veículos e acham razoável ficar parado em plena rua Jardim
Botânico, bloqueando uma pista para esperar que um estacionamento, que não é de
alta rotatividade, tenha uma vaga para seu possante. Ir ao parque de transporte
público não parece ser uma alternativa para estes motoristas. Estacionar o carro um pouco mais
distantes também não parece ser interessante. Mas bloquear uma pista e esperar
vários minutos é interessante. Gosto não se discute, mas civilidade sim.
O uso de bicicleta pode ser uma boa alternativa de
transporte e laser e uma boa forma de espantar o mau humor. Mas o feliz proprietário
de um pequeno carro branco parece não querer contribuir. Ele achou uma vaga
para ser belo carro junto ao bicicletário, exatamente no espaço destinado às
bicicletas cor de abobora que tanto enfeitam a cidade. Tinha espaço para várias
bicicletas, mas também dava para um carro pequeno e ele se considerou um
felizardo. Os incomodados que se retirem...
Pensativo volto para casa usando o metrô. Na escada rolante de
acesso à plataforma de embarque da estação um casal se abraça e bloqueia
totalmente a passagem. Eles não tem pressa e estão apaixonados. Se outra pessoa
tem outro ritmo, que se retire... Manter a direita e liberar a passagem pela
esquerda é uma prática desconhecida no Rio de Janeiro. Esta prática deveria ser
uma regra observada em locais com grande fluxo de pessoas, mas por aqui este
hábito não chegou.
Temos muito que aprender e evoluir no uso do espaço público.
Quanto mais pessoas no mesmo espaço mais importante é a educação dos usuários.
A gestão de multidão, processo pouco adotado por aqui, pressupõe que os gestores
e usuários tenham interesse na preservação do conforto e segurança de todos,
mas por enquanto poucos perceberam que isto depende da atitude de cada um.
Precisamos dar um passo a frente na nossa educação cívica e boas práticas no uso
do espaço público e procurar cada um garantir o seu conforto e segurança de
todos.
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