Theodore Levitt em seu conhecido
texto de 1960, publicado na Harvard Business Review, denominado "Miopia em
Marketing" pergunta: qual é o seu negócio?
Essa pergunta simples deve ser
todo dia feita pelos gestores perante um espelho.
Os gestores de segurança estão
entre os profissionais que devem fazer essa pergunta. Tenho visto e lido muitas
queixas de gestores da área de segurança sobre a pouca importância que a alta
administração lhes confere.
Mas se os clientes não lhe dão atenção, o erro
será dos clientes ou do seu marketing? Culpar os clientes pode ser mais fácil,
mas isto não irá trazê-los de volta.
Segundo Domenico De Masi, na
sociedade pós-industrial os principais recursos organizacionais são
"inteligência, conhecimento, criatividade, informações, laboratórios
científicos e culturais". De Masi
ainda observa que dentre os principais desafios que passamos a ter destacam-se
a qualidade de vida, saúde psíquica e preocupações com o meio ambiente.
Cabe às áreas de segurança
ajustar o foco de seus serviços no admirável novo mundo da sociedade
pós-industrial. Garantir a segurança neste ambiente onde a informação é um dos
principais ativos de empresa exige uma abordagem diferente da abordagem de
garantia de ativos tangíveis. A segurança física e patrimonial continua sendo
necessária, mas ela não é suficiente para garantir o objetivo da segurança
empresarial.
Novos saberes são necessários e
os profissionais da segurança passam a ter que dominar novas áreas. A segurança
depende de uma estrutura confiável e de procedimentos eficientes acrescidos de
mecanismos de prevenção e reação (vide A Continuidade de Cada Dia, Fernando
Saldanha). As estruturas e funções organizacionais da era industrial que
atendiam plenamente suas demandas não são adequadas neste novo ambiente
passando a ser obsoletas.
A segurança da informação é uma
das funções que as áreas de tecnologia tem incorporado. Mas este assunto
extrapola a competência da área de TI e cada vez mais é entendida como sendo
uma demanda estratégica (Allen, Julia. Security is Not Just a Technical Issue).
A área de tecnologia da informação deve oferecer uma infraestrutura robusta e
segura. Mas as informações e saberes de uma corporação não transitam
exclusivamente pelo ambiente de TI e seus proprietários são de outras áreas da
organização.
E, em qualquer caso ou situação,
a informação e sua segurança dependem do indivíduo que tem acesso a ela. E
neste caso a segurança passa pela segurança do funcionário, ou usuário, da
informação. Como vimos a qualidade de vida é um dos desafios da nossa sociedade
e esta preocupação deve estar inserida no ambiente empresarial. O bem estar e a
qualidade de vida, incluindo a qualidade do meio ambiente, também devem ser
garantidos, e esta também deve ser em parte responsabilidade da segurança
empresarial.
Cabe questionar se o melhor
modelo é a segregação em diferentes segmentos, tais como a tradicional área de segurança física, a área responsável
pela segurança da informação, a área
pela preservação integridade física e do ambiente de trabalho (segurança do trabalho). Integrar estas
áreas, seja pela estrutura de processos ou pela organizacional, é um desafio que deve ser enfrentado pois a
efetiva continuidade de um negócio depende do sucesso desta combinação.
A segurança pós-industrial é uma
necessidade das empresas do século XXI.
Estruturas e organizações do
século passado são ultrapassadas e ficaram obsoletas. Insistir nestes modelos
evidencia que o gerente tem vista curta e o diagnóstico é miopia.
Referência Bibliográfias:
Allen, Julia. Security is Not Just a Technical Issue, 2013, Carnegie Mellon University em
https://buildsecurityin.us-cert.gov/articles/best-practices/governance-and-management/security-is-not-just-a-technical-issue,
acessado em 16 de julho de 2015.
De Masi, Domenico, A Sociedade Pós-Industrial. São Paulo : Ed
Senac, 1999.
Levitt, Theodore. Miopia in Marketing. Havard Business Review, July - August 2004. https://hbr.org/2004/07/marketing-myopia,
consultodo em 20 de julho de 2015.
Saldanha, Fernando. A Continuidade de Cada Dia. Rio de
Janeiro: Ed. Select, 2007.
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