sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Vai dar praia !

Nasci e cresci em Copacabana no século passado, e para toda a minha galera sábado, domingo e feriado, com sol ou com mormaço, era dia de praia. Era automático. Acordava tomava um café da manhã reforçado e ia para a praia no meu ponto. Assim era para toda a rapaziada do Leme ao Pontal. Não precisava de Facebook, Twitter, ou e-mail. Não precisava marcar nada, bastava ir para o local de sempre na praia, em frente a Constante,  Montenegro (já faz tempo!) ou  Garcia. Cada um tinha a sua praia.
Mas já naquela época domingo era um dia diferente. A praia era mais cheia tinha uma cara eclética com rostos estranhos, vindo de locais "pra lá do túnel".
Hoje em dia, especialmente nos domingos, a praia é do povo de Ipanema a Deodoro. Não apenas de quem mora perto dela. A praia nos domingos e feriados fica cheia de gente, muita gente e tem tudo
para ser uma festa. A manutenção de ordem num local público, aberto com uma grande quantidade e densidade de pessoas, somente poderá ser garantida com a contribuição dos usuários. A presença de policiamento ostensivo nas praias tem o caráter inibitório. Mas se esta inibição não acontecer, a presença da polícia não é garantia de que pequenas agressões e assaltos não ocorram.
A ordem em qualquer local onde haja uma grande concentração de pessoas somente será assegurada caso as pessoas presentes queiram manter a ordem. Do contrário, nunca haverá policiais em quantidade suficiente.
Precisamos de polícia para manter a ordem, mas acima de tudo precisamos de educação. No calçadão, na praia, na ciclovia, a segurança e conforto dependem da educação dos usuários. Pequenas ações podem significar atos de generosidade ou atos agressivos. O respeito ao ir e vir, a desobstrução das passagens, o ceder a vez, andar de bicicleta em velocidade compatível com o local, circular mantendo "a direita", são práticas que devem ser incentivadas, divulgadas e enfatizadas.

O grande número de frequentadores nas praias nos domingos de sol e calor é uma das características do Rio de Janeiro. Poucas grandes cidades do mundo têm a praia e o mar junto, bem juntinho, ao centro urbano. Isto faz com que tenhamos esta multidão nas praias, e a multidão é bem vinda e esse é o Rio de Janeiro. Para a festa ficar completa basta aprendermos a usar o espaço com civilização e educação. 

PS: As fotos são para embelezar a página. Eu ainda não ia à praia quando elas foram feitas!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O Carnaval de 2015 vem aí

O Carnaval está chegando. Milhares de pessoas irão se divertir nos blocos, ensaios, e praias. A cada ano cresce o número de pessoas nas ruas do Rio de Janeiro aproveitando essa festa . E a cada ano a multidão se faz sentir cada vez mais multidão. Há sobrecarga nos transportes, banheiros, e espaços públicos. É muita gente para o espaço disponível e para a infraestrutura possível de se dispor.
O desafio da cidade do Rio de Janeiro é conciliar a festa com a segurança. E está cada vez  mais difícil fazer com que a segurança seja compatível com o tamanho do evento.
A gestão de multidão tem como ponto de partida a adequação do espaço do evento com o público esperado. Para o carnaval de 2015 o público esperado é maior do que o de 2014. O Rio de Janeiro tem aparecido positivamente na mídia como sendo uma cidade onde a festa é uma constante. A Jornada Mundial da Juventude, em 2014, foi um sucesso na mídia, a Copa das Confederações e a Copa do Mundo também foram eventos que deixaram imagens positivas. E o resultado é que no mês de fevereiro o Rio de Janeiro estará com lotação máxima. Ou melhor, com superlotação. Cidades como Búzios e Cabo Frio experimentam esta situação, mas em menor escala. No Rio de Janeiro estaremos recebendo milhões de pessoas.
A operação da cidade e de seus serviços será exigida ao máximo. A segurança é uma responsabilidade do Estado, mas a operação dos serviços nem sempre é. Cabe ao poder público ordenar e cuidar para que os serviços sejam oferecidos com a devida segurança e conforto.
Locais turísticos tem que ter uma operação compatível com a demanda esperada. A estátua do Cristo Redentor é um ex
emplo de uma operação super demandada. Sempre que houver um grande evento na cidade do Rio de Janeiro haverá excesso de demanda no acesso ao Corcovado. Não será possível atender a todos, mas é obrigatório que todos sejam tratados com eficiência, conforto e segurança. Sempre que um destes pontos não for atendido satisfatoriamente haverá uma queixa, podendo até resultar numa questão de segurança pública. Existe uma capacidade de atendimento que é fisicamente impossível de ser ampliada. O espaço do Cristo Redentor tem uma capacidade limitada e esta capacidade é a que determina o número de visitantes máximo que poderá ser recebido.
Espaços com serviços compatíveis ao tamanho do público, informação suficiente e equipe competente são essenciais para o sucesso dos eventos. Só assim, o Rio de Janeiro pode oferecer a todo público uma experiência agradável segura e confortável.

Só nos resta esperar que não tenhamos novamente manchetes e reportagens dizendo que durante o carnaval houve uma grande fila em algum lugar, que a fila era uma bagunça, que não havia informação, que os atendentes eram despreparado, que faltava água, sombra...