terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Fogo no Samba


No dia sete de fevereiro fomos acordados com a triste notícia de que um incêndio havia destruído carros e fantasias de três escolas de samba do Grupo Especial.

Uma semana antes eu havia visitado um barracão de uma escola de samba. O trabalho nas alegorias ia de vento em popa, sem maiores anormalidades. A normalidade significava que soldas estavam sendo feitas num chassis de um carro já forrado com compensado mas sem nenhuma medida preventiva contra um possível surgimento de um foco de incêndio. Alertei o responsável pelo barracão de que um extintor deveria estar próximo para qualquer eventualidade.

Não sei se o extintor foi colocado à mão, tenho cá minhas dúvidas. Prevenção não faz parte dos hábitos de um barracão.

Esta minha preocupação é antiga. Achava que com a Cidade do Samba o risco fosse ficar reduzido a um nível aceitável.

Ledo engano. Em 2010 estive na Cidade do Samba e constatei que as instalações prediais eram mais seguras assim como constatei que haviam sprinklers (se eram testados e se funcionavam a contento não sei dizer). Mas o modo de produção continuava o mesmo.

Um barracão de uma escola de samba lembra uma fábrica do início do século XX. A sujeira impera e faz parte do cenário.

Um chão coberto por refugos de fantasias e de alegorias é um chão perfeito para propagar um incêndio e causar acidentes. Com exceção das ferragens dos carros todo o material que se utiliza num desfile é de fácil e rápida combustão. O ambiente de um barracão tem que ser gerenciado como sendo um ambiente de alto risco de incêndio. Esta gestão pressupõe um rigor no estabelecimento de um ambiente de produção seguro onde vidas, patrimônio e sonhos sejam preservados.

Que o recado do dia sete de fevereiro seja bem entendido pelos gestores do nosso carnaval. Considerando as probabilidades, o desastre foi pequeno pois ninguém saiu ferido. Foi sorte.